30.11.11

Impressões de perto do final, porém não conclusivas.

Inquietude. O desejo de se sentir em casa. Do pertencimento.

Depois da descoberta de que tinha que deixar o País dos Intocáveis o mais breve possível, começou o movimento de desfazer o pequeno apartamento de pouco menos de trinta metros quadrados. Aquele pequeno apartamento que mal havia começado a dar aconchego... Que há pouco começava a ser chamado de casa. Mas não havia mais tempo para isso. Era hora de refazer as malas, desmontar os móveis e montar as caixas. Era chegada a hora de deixar aquele país simpático, mas que nunca lhe pareceu interessado, que lhe tinha sempre um quê de inércia quando se tratava de conhecê-lo mais profundamente.

É, é assim que ela vai sair daqui. Sem saudades, só com lembranças de um tempo quando a vida foi um sonho estranho. Quando a neblina do fim do outono, que às vezes perdurava por dias a fio, parecia mais acolhedora do que os dias ensolarados. A neblina acobertava os espaços vazios e o longo tempo que ainda estava por correr até a tão almejada partida. Os minutos e as respirações se comprimiam naqueles brancos dias de nuvens.

E assim parte. Do lugar onde um sorriso é um meio sorriso. Onde a casa é quase um lar. Onde o sol quase esquenta. Onde o inverno é quase frio. Onde no cardápio mal traduzido em inglês, serve-se ‘frango morno’ [‘lukewarm chicken,’ how sad is that?]. (Ato falho?) Onde as meninas e os meninos são quase muito bonitos. Onde a mais pungente das manifestações climáticas é a cortina de neblina, quando o céu vem à terra e os sonhos e as realidades habitam a mesma dimensão. Onde se é quase feliz, mas falta...

Mais triste do que partir é partir sem saudades. É partir para esquecer.