27.3.12

A partida

E voltou para a sua amada e saudosa terra depois de dois meses de muitas reflexões durante o fim do inverno irlandês. Foi e deixou para trás uma filha que mal podia caminhar pela cidade de Belfast sem derramar uma lágrima porque a via, naquele lindo dia ensolarado, nas ruas, nos parques, nas pessoas que observava em sua caminhada. Ficar só era tão incômodo e tão revelador. Era quando as lembranças vinham pungentes e decisivas.

Ao chegar casa, a ausência fez-se enorme e pesadamente presente. A risada não estava mais lá, a preguicinha tão almejada depois da labuta acumulada, o beijo e o abraço de reencontro e como-foi-o-seu-dia, o desabafo, o cozinhar juntas ou, quem sabe, ir ao mercado porque faltou alguma coisa para completar a janta.

E escrever, mesmo que só um pouco, alivia-me o peito. Faz-me pensar que, ao contrário do ditado que diz que é a ausência que torna o coração mais afeiçoado, são a presença e a experiência compartilhada que tornam o adeus tão torturante.

Apego-desapego, apego-desapego. Esse é o nome do jogo.

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