13.1.10

Eveline

Ontem foi a vez de Eveline de James Joyce. Curto conto que se passa pelas lentes da memória da protagonista, que pondera sobre o seu passado recostada à janela da velha casa. Lembra-se da violência sofrida na infância, mas parece vê-la como cicatrizes num corpo que já não sente mais a dor da ferida. Decide partir com o namorado (que não sabe se ama, diga-se de passagem) de navio a Buenos Aires em busca de novos ares. E no fim... A inércia não a permite partir. Segura-se com todas as forças às barras de ferro do porto e nada a tira de lá. Como toda boa e frustrante narrativa que gera fortes expectativas em seus leitores, Eveline desaponta no fim e revela a tendência de alguns de permanecerem sob as mesmas condições. Reelaboro: revela a tendência de todos nós, em algum momento da vida, em alguma faceta nossa, de ter aversão à mudança.

Sinto estar a repetir-me, parece que já escrevi sobre isso mais de uma vez. Pareço estar resistente a mudar também. Enquanto desastres naturais assolam dezenas de milhares de vidas humanas no Haiti, aborreço-me com a arte de revisar trechos do primeiro capítulo da minha tese.

Um comentário:

  1. "Reelaboro: revela a tendência de todos nós, em algum momento da vida, em alguma faceta nossa, de ter aversão à mudança."

    Assino em baixo

    Beijo!

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